Catálogo de filmes goianos 2000-2020

Autores

Thaís Oliveira

Palavras-chave:

Audiovisual, Catálogo de filmes, Cinema

Sinopse

Ao publicar os resultados da grande pesquisa que realizou sobre a história do estilo cinematográfico, na década de 1990, o pesquisador estadunidense David Bordwell, talvez (junto com o francês Jacques Aumont) o mais importante teórico do cinema nas últimas décadas, lançou uma ideia polêmica. Em várias publicações que assinou, Bordwell criticou abertamente a tendência panorâmica adotada por muitos dos principais historiadores da mídia audiovisual. A história (do cinema ou de qualquer outra atividade humana), dizia ele, não pode ser narrada como um fluxo contínuo de acontecimentos, mas como um conjunto de proposições, fatos e ocorrências de múltiplas naturezas - estilísticas, tecnológicas e econômicas, por exemplo que se atravessam e influenciam mutuamente. Um só pesquisador, ou um só programa de pesquisa, não é capaz de dar conta de toda a complexidade do tema, em uma narrativa unificadora.

Esse pensamento levou Bordwell a defender abertamente o programa
revisionista da história do cinema, iniciado nos anos 1970. Esse programa,
tendo Tom Gunning (historiador do Primeiro Cinema) como nome mais
conhecido, não propunha uma abordagem teórica unificada. Pelo contrário: defendia que metodologias e operadores conceituais deviam ser definidos pelos objetos de pesquisa. O ponto mais importante dessa abordagem, para Bordwell, era recusar as narrativas totalizantes, que por natureza acabariam por recorrer a simplificações e distorções. Para ser capaz de levantar e analisar dados com precisão e rigor, afirmava David Bordwell, o pesquisador precisava trabalhar com recortes e problemas menores, sem aderir a nenhuma “grande teoria”. Ironicamente, ele chamou essa proposição de “teoria aos pedaços” (piecemeal theory, no original). A pesquisa de Tom Gunning, que aprofundou a analise da filmografia de David Ward Griffith, comprovou que o cineasta não tinha sido o genial criador de muitas das ferramentas narrativas do cinema, mas sim um eficiente organizador de tendências estilísticas (planos fechados, montagem paralela, sistema de plano e contraplano e outras). Entre setembro de 2021 e agosto de 2022, tive a honra e o prazer de supervisionar uma pesquisa de pós-doutoramento, no Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade Federal de Pernambuco, conduzida pela professora Thaís Oliveira. A pesquisa, cujos dados fundamentais estão apresentados neste volume, funciona como exemplo perfeito da “teoria aos pedaços” de Bordwell, aplicada ao cenário brasileiro. Ao definir o corpus da pesquisa, Thaís fugiu à tentação de contar uma narrativa totalizante. Bem pelo contrário. Ela escolheu trabalhar com o cinema de Goiás, estado que carecia de estudos historiográficos da sétima arte; com um recorte relativamente pequeno (20 anos, de 2000 a 2020); e, talvez o mais importante, estabeleceu uma série de regras e protocolos capazes de ajudá-la a reunir dados precisos e rigorosos sobre a produção cinematográfica do século XXI naquele espaço.

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Publicado

June 12, 2024

Séries