Onde você está nesta lama? Crônicas da mineração no Brasil
Palavras-chave:
Literatura brasileira, Crônicas brasileiras, Mineração, LiteraturaSinopse
O livro de Ricardo Gonçalves Onde você está nesta lama? Crônicas da mineração no Brasil tem dimensão daquilo que se exige em literatura, o realismo; e aquilo que não é escapável, a dureza do imaginado. Entre realismo e ficção, esta última se institui de ênfases, transforma-se em uma coleção de imagens neutras, sem dar satisfação de onde ela emerge e o que procura dialogar. A falência do indivíduo ou a dicotomia entre desejo e realidade favoreceu o ambiente e as distorções que essa literatura conturba na vida social; produziu um sujeito social que é o que não pensa e que pensa o que não é. A literatura é, entretanto, exercício de atribuições.
O escritor destas crônicas as escreve com domínio de estilo a rotina do usurpador. Impõe o realismo não por obrigação, mas porque destrincha a materialidade do cotidiano e com ela a força literária capaz de provocar efeitos duradouros na ecologia da mente humana. É capaz de mover todos os argumentos para produzir comunicados no interlocutor de hoje e do
futuro. E o faz com todas as pretensões da palavra, que invalidada pelos polos sistêmicos de dominação dentro do problema mineral brasileiro, impinja-lhe sem cessar sua causa e efeito geografados no mesmo corpo social, o que colabora e o que contesta tal situação.
As crônicas deste livro contestam o modelo mineral. O autor coopera de maneira decisiva para que elas tenham esta feição radical entre a vida prática e dela a imaginação do mundo pelo que escreve aos necessitados de uma nova sociabilidade. Ele envolve-se nos artefatos peça a peça do que precisa ser enunciado. Cristaliza seu compromisso ao sofrer pela ausência dos demais pelo qual escreve as implicações do intolerável.
