Lugar e memória: o patrimônio goiano entre o esquecimento e a resistência

Autores

Luana Nunes Martins de Lima

Palavras-chave:

Memória, Patrimônio goiano, Patrimônio histórico cultural, Preservação do patrimônio, História

Sinopse

O patrimônio histórico-cultural tornou-se um tema de trajetória prática, conceitual e política no Brasil. Desde o projeto de Mário de Andrade, nas décadas de 1920 e 1930, a preocupação com o patrimônio é latente, sobressaindo a necessidade de um projeto intelectualista, identitário e de nacionalidade para o país. As políticas patrimoniais passaram por ressemantizações diversas e, atualmente, segundo Abreu (1998), independentemente do estoque de materialidades históricas que as cidades possuem, observa-se um engajamento pela preservação do que sobrou de seu passado. Mesmo as cidades recentes têm adotado a prática de manter os vestígios mais significativos de sua história. Isso mostra que houve uma profunda mudança na forma como a sociedade brasileira se
relaciona com suas memórias. Para Abreu (1998, p. 79), o passado é uma das dimensões mais importantes da singularidade, “materializado na paisagem, preservado em ‘instituições de memória’, ou ainda vivo na cultura e no cotidiano dos lugares, não é de se estranhar, então, que seja ele que vem dando o suporte mais sólido a essa procura de diferença”.

O patrimônio material das cidades agrega as referências históricas e evidencia as transformações do espaço urbano no mundo inteiro. Em estudos realizados por geógrafos e profissionais de áreas afins, identificamos três possibilidades que comprometem a existência/resistência desse patrimônio. Na primeira, o patrimônio dá lugar à modernização, tendo seus elementos pouco a pouco substituídos por novas formas e funções na cidade (Choay, 2001). Na segunda, o patrimônio é incorporado à lógica do mercado e torna-se base para a cenarização e
estetização dos lugares turísticos (Costa, 2011; 2015a), incidindo em um processo que impõem, verticalmente, novos significados aos lugares. Na terceira, o patrimônio é simplesmente negligenciado (ou “esquecido”) em cidades que mantiveram determinado distanciamento econômico e sociocultural de outras cidades que se constituíam como centralidades em
desenvolvimento, como destaca a análise de Paes (2015b). A reflexão sobre esta última possibilidade abre caminho para problematizar o patrimônio de cidades goianas, bem como apontar para possibilidades outras, ou seja, as resistências que confrontam o esquecimento do lugar e do patrimônio. Isto perfaz a ideia central deste livro.

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Publicado

September 26, 2024