Educação no campo: lutas, experiências e reflexões

A educação no campo brasileiro representou, historicamente, um instrumento de dominação do povo pelas elites nacionais e internacionais. Considerando um Estado forjado nas bases do latifúndio, da monocultura e do trabalho escravo, a educação cumpriu função estratégica na construção e reprodução deste projeto de país. Desde uma educação direcionada estritamente ao grupo política e economicamente dominante até uma educação mais abrangente (porém, domesticadora para o capital), os processos educativos formais se estabeleceram, via de regra, em favor da classe burguesa.

Esse processo foi revertido na segregação dos povos do campo, indígenas,
negros, quilombolas e trabalhadores, que foram declarados incapazes de
produzir conhecimento reconhecível. Tornar invisíveis o povo do campo e seu conhecimento supera inclusive o próprio acesso à escola. Persiste, portanto, um padrão racista e segregador de educação contra o qual resiste uma diversidade de coletivos, que foram na história despejados de suas próprias identidades porque vistos como inferiores (ARROYO, 2012).

O livro Educação no Campo: lutas, experiências e reflexões está composto, nesse contexto, por um conjunto de reflexões teóricometodológicas e relatos de experiências que, em sua unidade, refletem a luta de diferentes sujeitos e instituições por uma educação emancipadora no campo. A coletânea de textos que compõe o livro é resultado direto das ações coletivamente construídas do Núcleo de Agroecologia e Educação do Campo (GWATÁ), do Campus Cora Coralina da Universidade Estadual de Goiás (UEG). O GWATÁ, criado no âmbito do edital MDA/SAF/CNPq nº 58/2010, que visava apoiar a constituição e fortalecimento de Núcleos de Agroecologia no país, tem sido construído a partir do diálogo entre a educação popular no campo e a questão socioambiental, tendo como foco de abordagem a Agroecologia.