Goiás: história política (1726-2018)

Ainda que pareça um tanto quanto pessimista, a frase de Tocqueville acima citada reflete bastante bem a história da política brasileira e, consequentemente, goiana. Em política, ódios e amizades tornam-se conceitos abstratos, não raramente mais bem explicados pelas ideias de “aliados” e “adversários”. Aquele que ora lhe ombreia, outrora o ataca, e vice-versa, de acordo com os interesses, quase sempre legítimos, dentro de um jogo de relações de força a que acostumamos comparar com um xadrez.

Todavia, é importante lembrarmos que o conceito de política é bem mais amplo do que aquela prática partidária que estamos acostumados a ler nos jornais e assistir nos noticiários. Fazer política é parte integral do nosso dia dia em sociedade, seja ela micro (no âmbito familiar, por exemplo), ou macro, do ponto de vista de uma comunidade, sociedade ou mesmo nação. Ao escolher o que faço com meu lixo, se como ou não carne, se prefiro a bicicleta à poluição dos automóveis, estou necessariamente fazendo política. Portanto, ainda que tendamos a negar a política em geral, por estar esta quase que automaticamente associada a partidos políticos, eleições, campanhas, ódios, intrigas e escândalos, o fato é que a política é parte intrínseca da nossa vida em sociedade e dependemos dela para qualquer atividade que exerçamos no nosso dia-dia. Negá-la, portanto, é o primeiro passo para nos alienarmos da nossa própria condição social. Ou, como bem nos alertava o renomado arquiteto suíço Max Frish, quem não se ocupa de política já tomou a decisão política de que gostaria de se ter poupado.

É neste sentido que a presente obra é indispensável. Indispensável para a historiografia goiana (que há muito carece de uma reflexão crítica e histórica sobre a história política de Goiás), e indispensável para a sociedade goiana como um todo, que carece há muito de compreender o modo como seu estado natal foi forjado social e politicamente.